GAZETA FM TANGARA DA SERRA

terça-feira, 09 de Abril de 2019, 09h:14

Apae paralisa transporte escolar e demite funcionários em Tangará

Paulo César Desidério - Gazeta FM

Paulo Desidério/Gazeta FM

Paulo Desidério/Gazeta FM

A situação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Tangará da Serra não está nada boa. O motivo: interrupção dos repasses do convênio do governo do estado de Mato Grosso com a instituição. Em entrevista coletiva convocada pela presidente da Apae, Clarice Grapeggia, a crise foi esclarecida com o apontamento das dificuldades pelas quais a diretoria e a equipe de funcionários vêm passando.


Segundo Clarice, o quadro de funcionários que a Apae possui atualmente, faz com que a instituição dependa de dois convênios. Um está firmado e em andamento com o município de Tangará da Serra, que tem honrado com os repasses e está em dia. Com o valor mensal destinado à escola, a Apae consegue sanar o pagamento de 50 funcionários em sua folha. O outro convênio da instituição é com o estado, porém, com a interrupção dos repasses, tornou-se inviável o pagamento dos outros 14 funcionários. Clarice explicou que os R$ 360 mil que deveriam ser repassados pelo estado por ano, estão fazendo falta e o atraso está impactando diretamente alguns funcionários.


“Esse convênio encerrou ano passado, em outubro. Para agora, teríamos que fazer tudo do zero, negociação, valores, documentação, assinatura. Isso é um tramite bem demorado, que a gente prevê que vai sair lá no final do ano e não retroativo a partir daquele momento então. Como fazer para pagar aqueles funcionários? Não temos como arrecadar de promoções, não temos como fazer isso de uma forma fixa, mensal, para esses pagamentos, mesmo porque todas as promoções e doações que a gente recebe, o Apae Energia, doações das pessoas, contribuições de alguns pais e tudo mais é para a manutenção da escola. A gente tem uma despesa em torno de R$ 20 mil e para manter a escola nós não temos nenhum convênio. É dinheiro de recurso próprio arrecadado nessas promoções e doações”, afirmou.

Paulo Desidério/Gazeta FM

Apae Tangará da Serra

Presidente da Apae, Clarice Grapeggia.


Diante da gravidade da situação enfrentada pela equipe da Escola Raio de Sol, Clarice anunciou que alguns cortes precisarão ser feitos na entidade. Demissões no quadro e até paralisação no serviço de transporte dos alunos, foram as primeiras decisões da tesouraria da instituição neste primeiro momento. Segundo ela, amanhã (09), o transporte já será interrompido.


“Dessa forma está inviabilizando a gente manter todos os funcionários e infelizmente, nós a partir de hoje teremos que fazer alguns cortes. A partir de quarta-feira teremos uma parada também no transporte, porque o transporte escolar tem uma despesa em torno de R$ 12 mil por mês com manutenção, combustível, pagamento de motoristas. É uma despesa alta para a gente que também não tem convênio e é com recurso próprio”, destaca, ao frisar que a Apae é uma associação sem fins lucrativos reconhecida por sua utilidade pública, o que possibilita à instituição receber dinheiro dos através dos convênios. Entretanto, não se trata de uma escola pública, o que confunde parte da população.


Para solucionar os problemas e amenizar a situação crítica, a diretoria fará intensificação dos trabalhos de cadastramento de moradores tangaraenses interessados no projeto Apae Energia, que consiste na arrecadação de doações mensais por meio da conta de energia elétrica. Atualmente, o projeto arrecada em torno de R$ 9 mil mensais para a Apae em Tangará. A ideia após a intensificação é triplicar o valor.


“Nós gostaríamos de conclamar toda a sociedade para nos ajudar. A maneira de nos ajudar mais diretamente, mensalmente, é com o Apae Energia. Nós estaremos daqui uns dias com uma campanha bem ampla na cidade inteira. Nossos profissionais irão para as ruas fazerem essa campanha, estaremos dando dias de folga pelos finais de semana trabalhados, porque nós precisamos do engajamento deles junto à sociedade. A Apae Energia é uma doação pequena que cada um faz. Nós temos em torno uma receita de R$ 9 mil. Se nós conseguirmos triplicar a nossa doação, nós já vamos conseguir manter os outros funcionários. As pessoas não precisam ter medo de fazer a doação, o que nós pedimos é uma autorização assinada e a unidade consumidora. Nós aqui temos um sistema online junto à Energisa e a Zilda, nossa tesoureira, vai lançando os cadastros e nós recebemos. Não se preocupem porque a Energisa é uma empresa séria, ela repassa todos os valores certinho para nós. Às vezes, as pessoas têm medo de doar, achando que não vem o recurso, mas vem sim”, pontuou.


No que diz respeito ao transporte dos alunos, já nesta quarta-feira haverá paralisação total dos ônibus. A presidente justifica que os gastos são altos e a instituição não possui a incumbência obrigatória de transportar os seus alunos.


“Na realidade a gente não tem obrigatoriedade de transporte escolar. É uma alternativa que a gente coloca porque a gente ganhou. O micro-ônibus foi doado pelo estado, o ônibus foi doado pelo Japão num convênio, mas não existe nenhuma obrigação da escola em fornecer o transporte escolar. O que a gente pede para os pais nesse momento é que eles entendam nossa situação, nossa dificuldade, que tragam seus filhos normalmente para a escola, que achem a melhor solução para trazê-los. A gente sabe que num primeiro momento vai dar um certo transtorno, mas há exemplos de outras Apaes que já acabaram com o transporte escolar. Nós ainda estamos resistindo a isso, ainda querendo continuar. Então, nesse momento a gente dá uma parada, reorganiza as contas e vê o que a gente consegue, se a gente consegue voltar um ônibus, se consegue voltar os dois. Vai depender do apoio da comunidade também.


Por fim, Clarice destacou que caso o convênio com o estado seja retomado ou a situação financeira da instituição melhore, o quadro de funcionários será novamente preenchido. Ao todo, a Apae conta com 60 funcionários e atende 260 alunos portadores de necessidades especiais. Além dos convênios, a entidade sobrevive de doações que podem ser feitas por meio do Apae Energia e também pelo quadro de sócios contribuintes da instituição.


Fonte: GAZETA FM TANGARA DA SERRA

Visite o website: www.gazetafmtangara.com.br